Superbe poème de Baudelaire mise en musique par Léo Ferré. Ici, il est chanté par la grandiose Catherine Sauvage - que les bons !
Soberbo poema de Baudelaire musicado por Léo Ferré. Aqui ele é cantado pela grandiosa Catherine Sauvage - só os bons!
Quand le ciel bas et lourd pèse comme un couvercle
Sur l'esprit gémissant en proie aux longs ennuis,
Et que de l'horizon embrassant tout le cercle
Il nous verse un jour noir plus triste que les nuits;
Quand la terre est changée en un cachot humide,
Où l'Espérance, comme une chauve-souris,
S'en va battant les murs de son aile timide
Et se cognant la tête à des plafonds pourris;
Quand la pluie étalant ses immenses traînées
D'une vaste prison imite les barreaux,
Et qu'un peuple muet d'infâmes araignées
Vient tendre ses filets au fond de nos cerveaux,
Des cloches tout à coup sautent avec furie
Et lancent vers le ciel un affreux hurlement,
Ainsi que des esprits errants et sans patrie
Qui se mettent à geindre opiniâtrement.
- Et de longs corbillards, sans tambours ni musique,
Défilent lentement dans mon âme; l'Espoir,
Vaincu, pleure, et l'Angoisse atroce, despotique,
Sur mon crâne incliné plante son drapeau noir.
Les Fleurs du Mal, 1857
Tradução livre / traduction libre de Priscila Junglos*.
Quando o céu baixo
e denso pesa como uma tampa
Sobre meu espírito gemente
por conta das duradouras dificuldades
E no horizonte
embarcando todo o globo
Ele nos deixa, num
dia negro, mais triste que nas noites;
Quando a terra se
transformou em calabouço úmido,
Onde a Esperança,
como um morcego,
Vai batendo nas
paredes sua asa tímida
E martelando sua
cabeça contra os tetos podres;
Quando a chuva, exibindo
seus imensos rastros,
Imita uma vasta prisão
com suas barras,
E um povo mudo de infames
aranhas
Vem tecer seus fios
no fundo dos nossos cérebros,
Sinos de repente badalam
com fúria
E lançando em direção
ao céu um medonho uivo,
Assim como os espíritos
errantes e sem pátria
Que começam a choramingar
obstinadamente.
- E compridos carros
funerários, sem tambor nem música,
Desfilam lentamente
em minha alma: A Esperança,
Vencida, chora, e a
Agonia atroz, despótica,
Sobre meu crânio,
inclinada planta sua bandeira negra.
Flores do Mal, 1857
* Tradução
livre. Esclareço que esta tradução não teve intenção de manter nem as rimas,
nem o ritmo do poema original, sendo ela somente uma referência para descobrir
o significado do poema.