XI. – Victor Hugo
?
Une terre au flanc maigre, âpre,
avare, inclément,
Où les vivants pensifs
travaillent tristement,
Et qui donne à regret à cette
race humaine
Un peu de pain pour tant de
labeur et de peine ;
Des hommes durs, éclos sur ces
sillons ingrats ;
Des cités d’où s’en vont, en se
tordant les bras,
La charité, la paix, la foi,
soeurs vénérables ;
L’orgueil chez les puissants et
chez les misérables ;
La haine au coeur de tous ; la
mort, spectre sans yeux,
Frappant sur les meilleurs des
coups mystérieux ;
Sur tous les hauts sommets des
brumes répandues ;
Deux vierges, la justice et la
pudeur, vendues ;
Toutes les passions engendrant
tous les maux ;
Des forêts abritant des loups
sous leurs rameaux ;
Là le désert torride, ici les
froids polaires ;
Des océans émus de subites
colères,
Pleins de mâts frissonnants qui
sombrent dans la nuit ;
Des continents couverts de fumée
et de bruit,
Où, deux torches aux mains, rugit
la guerre infâme,
Où toujours quelque part fume une
ville en flamme,
Où se heurtent sanglants les
peuples furieux ; –
Et que tout cela fasse un astre
dans les cieux !
Octobre 1840.
Traduction / tradução de Priscila Junglos
XI.
?
Uma terra com o flanco magro, acre, avaro, inclemente,
Onde os vivos pensativos trabalham tristemente,
E que dá, a contra gosto, à esta raça humana
Um pouco de pão para tanto labor e pena;
Homens rudes, eclodidos nesses solos ingratos;
Cidades de onde elas vão embora, com os braços tortos,
A caridade, a paz, a fé, irmãs veneráveis;
O orgulho dos poderosos e dos miseráveis;
O ódio no coração de
todos; a morte, espectro sem olhos,
Fustiga os melhores com
golpes misteriosos;
Sobre todos os altos cumes neblinas difundidas;
Duas virgens, a justiça e a castidade, vendidas;
Todas as paixões engendram todos os males;
Florestas abrigam lobos sob suas árvores;
Aqui os frios polares; lá desertos tórridos;
De súbitas cóleras oceanos emudecidos,
Cheio de mastros tremeluzentes na noite soçobrados;
Continentes cobertos de barulho e enfumaçados,
Onde, ruge a guerra infame, com duas tochas na mão
Onde sempre em algum lugar arde uma cidade como um
carvão
Onde o povo ensanguentado se tropeça enfurecido; -
E que tudo isso resulte em
um astro no espaço indefinido.
Outubro
de 1840.
Victor Hugo, em Les contemplations.