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mercredi 7 septembre 2016

Choses du soir de Victor Hugo

Paul Gauguin, Pont-Aven.

Choses du soir

Le brouillard est froid, la bruyère est grise ;
Les troupeaux de bœufs vont aux abreuvoirs ;
La lune, sortant des nuages noirs,
Semble une clarté qui vient par surprise.

Je ne sais plus quand, je ne sais plus où,
Maître Yvon soufflait dans son biniou.

Le voyageur marche et la lande est brune ;
Une ombre est derrière, une ombre est devant ;
Blancheur au couchant, lueur au levant ;
Ici crépuscule, et là clair de lune.

Je ne sais plus quand, je ne sais plus où,
Maître Yvon soufflait dans son biniou.

La faim fait rêver les grands loups moroses ;
La rivière court, le nuage fuit ;
Derrière la vitre où la lampe luit,
Les petits enfants ont des têtes roses.

Je ne sais plus quand, je ne sais plus où,
Maître Yvon soufflait dans son biniou.


Tradução  /Traduction de Priscila Junglos

Coisas da noite

A neblina é fria, as brumas são cinzas; 
Os bois aos bandos vão aos bebedouros; 
A lua, saindo das nuvens negras, 
Parece uma claridade que vem de surpresa. 

Eu não sei mais quando, eu não sei mais onde, 
Mestre Yvon tocava sua gaita de fole. 

O viajante caminha e a charneca é marrom; 
Uma sombra atrás, uma sombra em frente; 
Brancura no pôr do sol, luminosidade ao nascer do sol; 
Aqui crepúsculo, e lá luar. 

Eu não sei mais quando, eu não sei mais onde, 
Mestre Yvon tocava sua gaita de fole. 

A fome faz sonhar os grandes lobos morosos; 
O rio corre, a nuvem foge; 
Atrás da vidraça onde a lâmpada luz, 
As criancinhas têm caras rosadas. 

Eu não sei mais quando, eu não sei mais onde, 
Mestre Yvon tocava sua gaita de fole.

mardi 6 septembre 2016

Beauté, poème de Jacques Prévert, in Paroles

 
Tradução de / Traduction de Priscila Junglos

     Beleza
quem poderia invertar
um nome mais belo
mais calmo
mais inegável
mais movimentado
     Beleza
Frequentemente eu emprego teu nome
e eu trabalho para a tua publicidade
eu não sou o patrão
     Beleza
eu sou teu empregado.

" L'âge de raison " de Francis Blanche

         Este poema/canção de Francis Blanche sempre me faz lembrar desta pintura de Niki de Saint Phalle, onde a árvore do paraíso perdido remete, em minha visão, ao cogumelo da bomba nuclear, com sua mancha de fumaça preta sobre a cabeça de crianças mórbidas feitas de aviões deste futuro desolador que é o da vida moderna, desta idade da razão...

Niki de Saint Phalle. « The Children (Study for King Kong) » (1963) . 
Mamac, Nice, França. (Clique na imagem para ampliar)

Lien pour la vidéo sur youtube / link para o vídeo no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=sw55mJzp3WU

La ville écrase la forêt
Pour y installer son décor
Sans songer au bruit que ferait
Le chant de tous les oiseaux morts
On cimente le paysage
On bétonne les horizons
Nous voici arrivés à l'âge
De raison

Le petit sentier de l'école
Est une autoroute à six voies
Qui mène à la piste d'envol
Où les Boeing hurlent de joie
Il y a du goudron sur la plage
Et du gas-oil sur le gazon
Nous voici arrivés à l'âge
De raison

On a piétiné les ballades
Et les refrains de nos printemps
On en a fait des marmelades
Pour des vieillards de dix-sept ans
Qui font sauter les pucelages
Avec des trognons de chanson
Nous voici arrivés à l'âge
De raison

Les décibels nous assassinent
Les scooters nous bouffent le cœur
Et la télé dans les cuisines
Nous explique notre bonheur
Quand on veut rêver, les nuages
Ont la forme de champignons
Nous voici arrivés à l'âge
De raison

Rien à faire, petit bonhomme
Mets ta tête sous l'oreiller
Grand-mère a bouffé une pomme
Et c'est à nous de la payer
Tiens-toi tranquille, reste sage
Enfoui au creux de ta maison
Et laisse, laisse passer l'âge
De raison.

Tradução de / traduction de Priscila Junglos

A cidade esmaga a floresta 
Para aí instalar seu cenário 
Sem pensar no barulho que fara 
O canto de todos os passáros mortos 
Cimenta-se a paisagem 
Concreta-se os horizontes 
Eis nos aqui, chegamos 
Na idade da razão 

O caminhozinho da escola 
É uma auto-estrada com seis pistas 
Que leva a pista de vôo 
Onde os boeing urram de alegria 
Há piche na praia 
E petróleo na grama 
Eis nos aqui, chegamos 
Na idade da razão 

A gente pisoteou as baladas 
E os refrães de nossas primaveras 
A gente fez deles marmeladas 
Para os velhacos de dezessete anos 
Que fazem perder as virgindades 
Com caroços de canção 
Eis nos aqui, chegamos 
Na idade da razão 

Os decibéis nos assassinam 
Os scooters nos devoram o coração 
E a tv nas cozinhas 
Nossa felicidade nos explica 
Quando a gente quer sonhar, as nuvens 
Tem a forma de cogumelos 
Eis nos aqui, chegamos 
Na idade da razão 

Nada resta a fazer, homenzinho do bem 
Coloque a sua cabeça debaixo do traveseiro 
A avó devorou uma maça 
E cabe a nós pagar por ela 
Fique tranquilo, seja comportado 
Enfie-se no buraco de sua casa 
E deixe, deixe passar a idade 
Da razão.

samedi 3 septembre 2016

"O fazer é revelador do ser" / " Le faire est révélateur de l'être" Sartre

"O fazer é revelador do ser" / " Le faire est révélateur de l'être" Sartre

1960 - Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre et Che Guevara se rencontrent à Cuba. 
Che était selon Sartre « l'être humain le plus complet de son époque ».

1960 - Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre e Che Guevara se encontram em Cuba. 
Che era segundo Sartre "o ser-humano mais completo de sua época".

Déjeuner du matin / Café da manhã de Jacques Prévert

Poema com narrativa cinematográfica de Jacques Prévert, onde conta-se uma despedida pelos objetos deixados.

Saul Steinberg, "Fake letter".
C. 1950.

Il a mis le café
Dans la tasse
Il a mis le lait
Dans la tasse de café
Il a mis le sucre
Dans le café au lait
Avec la petite cuiller
Il a tourné
Il a bu le café au laitEt il a reposé la tasse
Sans me parler
Il a allumé
Une cigarette
Il a fait des ronds
Avec la fumée
Il a mis les cendres
Dans le cendrier
Sans me parler
Sans me regarder
Il s'est levé
Il a mis
Son chapeau sur sa tête
Il a mis
Son manteau de pluie
Parce qu'il pleuvait
Et il est parti
Sous la pluie
Sans une parole
Sans me regarder
Et moi j'ai pris
Ma tête dans ma main
Et j'ai pleuré.



Traduction / tradução de Priscla Junglos

Ele colocou o café
Na xícara
Ele colocou o leite
Na xícara de café
Ele colocou o açúcar
No café com leite
Com a colherzinha
Ele mexeu
Ele bebeu o café com leite
E ele repousou a xícara 
Sem me falar
Ele acendeu
Um cigarro 
Ele fez círculos 
Com a fumaça 
Ele colocou as cinzas 
No cinzeiro 
Sem me falar 
Sem me olhar 
Ele se levantou 
Ele colocou 
Seu chapéu sobre sua cabeça 
Ele colocou 
Seu casaco de chuva 
Porque chovia
E ele partiu
Sob a chuva
Sem uma palavra
Sem me olhar
E eu, eu coloquei
Minha cabeça na minha mão
E eu chorei.