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vendredi 31 mai 2013

Spleen de Baudelaire chanté par Sauvage

Superbe poème de Baudelaire mise en musique par Léo Ferré. Ici, il est chanté par la grandiose Catherine Sauvage - que les bons !
Soberbo poema de Baudelaire musicado por Léo Ferré. Aqui ele é cantado pela grandiosa Catherine Sauvage - só os bons!

Baudelaire par Nadar.



Quand le ciel bas et lourd pèse comme un couvercle
Sur l'esprit gémissant en proie aux longs ennuis,
Et que de l'horizon embrassant tout le cercle
Il nous verse un jour noir plus triste que les nuits;
Quand la terre est changée en un cachot humide,
Où l'Espérance, comme une chauve-souris,
S'en va battant les murs de son aile timide
Et se cognant la tête à des plafonds pourris;
Quand la pluie étalant ses immenses traînées
D'une vaste prison imite les barreaux,
Et qu'un peuple muet d'infâmes araignées
Vient tendre ses filets au fond de nos cerveaux,
Des cloches tout à coup sautent avec furie
Et lancent vers le ciel un affreux hurlement,
Ainsi que des esprits errants et sans patrie
Qui se mettent à geindre opiniâtrement.
- Et de longs corbillards, sans tambours ni musique,
Défilent lentement dans mon âme; l'Espoir,
Vaincu, pleure, et l'Angoisse atroce, despotique,
Sur mon crâne incliné plante son drapeau noir.

Les Fleurs du Mal, 1857

Tradução livre / traduction libre de Priscila Junglos*.

Quando o céu baixo e denso pesa como uma tampa
Sobre meu espírito gemente por conta das duradouras dificuldades
E no horizonte embarcando todo o globo
Ele nos deixa, num dia negro, mais triste que nas noites;
Quando a terra se transformou em calabouço úmido,
Onde a Esperança, como um morcego,
Vai batendo nas paredes sua asa tímida
E martelando sua cabeça contra os tetos podres;
Quando a chuva, exibindo seus imensos rastros,
Imita uma vasta prisão com suas barras,
E um povo mudo de infames aranhas
Vem tecer seus fios no fundo dos nossos cérebros,
Sinos de repente badalam com fúria
E lançando em direção ao céu um medonho uivo,
Assim como os espíritos errantes e sem pátria
Que começam a choramingar obstinadamente.
- E compridos carros funerários, sem tambor nem música,
Desfilam lentamente em minha alma: A Esperança,
Vencida, chora, e a Agonia atroz, despótica,
Sobre meu crânio, inclinada planta sua bandeira negra.
 
Flores do Mal, 1857  

* Tradução livre. Esclareço que esta tradução não teve intenção de manter nem as rimas, nem o ritmo do poema original, sendo ela somente uma referência para descobrir o significado do poema.