A busca pela felicidade e as promessas - somente - de satisfação, num dia normal, na publicidade do metrô de Paris. O drama da vida capitalista contemporânea nas grandes cidades, em um poema de Houellebecq.
Tradução livre / traduction livre de Priscila Junglos
Para onde vão todos estes humanos no cartaz do Saúde Top*
As panes do desejo, um produz eficaz...
Realmente será preciso morrer e depois que tudo se apague
Sobre os bancos azuis**, será preciso inventar
Novos paradigmas e novas raças.
Os trilhos absolutos, a presença
e a estação - branco azulejo***
no metrô Boucicaut, a oportunidade
seria de concluir um casamento.
Eu gostaria de viver um momento forte,
Uma definição perfeita,
Alguma coisa que ultrapasse a morte;
Félix Faure, eu tenho dor de cabeça.
Eis que as estações desfilam,
Eu penso na baldeação;
A vida está aqui, quase dócil,
Eu simplesmente não tive sorte.
Notas:
*Top Santé, revista sobre saúde, tipo "Saúde & bem-estar".
** na maioria dos metrôs de Paris, os bancos são azuis.
*** muitas estações do metrô de Paris são revestida de cerâmica branca, onde existem paineis publicitários, aos quais o autor faz menção indireta no poema. (vide imagem).
Boucicaut e Félix Faure, no caso, são nomes de estações de metrô, da linha 8, de Paris.
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Outros 2 poemas de Houellebecq, do mesmo livro (Configuration du dernier rivage)
O carro de tua esposa
te deixa de repente muito responsável
Você gostaria de cantar blues,
de te integrar à uma banda deplorável
E tua resolução persiste
através dos anos fracassados;
Você é de fato um artista,
Um romântico, um velho drogado.
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Eu não voltarei
Eu não voltarei mais
Eu não sou daqui,
O sol me abate
O sol me mata
Eu não tenho vontade.
O dia está aí,
Ele se reproduz
O dançarino vai embora daqui,
Ninguém o segue.