AU DEMEURANT
à Georges Malkine
Dans la demeure de la liberté tout s’était très bien passé, le futur était arrivé.
Soudain, de la bouche d’un témoin, sortirent quatre vérités : le futur avait un passé.
Dans la demeure de la fiancée, c’est encore hier et déjà demain, mais le futur loin.
Vide est la corbeille, fermées les portes, tirés les rideaux.
Il n’y a pas de présent, le temps ne fait pas de cadeaux.*
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A QUEM FICA
a Georges Malkine
Na moradia da liberdade tudo tinha corrido muito bem, o futuro tinha chegado.
De repente, da boca de uma testemunha, saíram quatro verdades: o futuro tinha um passado.
Na moradia da noiva, é ainda ontem e já amanhã, mas o futuro longe.
Vazia é a lixeira, fechadas as portas, a cortina cerrada.
Não há presente, o tempo não deixa passar nada.
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Outras possíveis versões:
Vazia é a lixeira, fechadas as portas, cerradas as cortinas.
Não há presente, o tempo não é moleza.
Ou:
Vazia é a lixeira, fechadas as portas, a cortina cerrada.
Não há presente, o tempo não é brincadeira.
Ou, menos próxima do original:
Vazia é a lixeira, fechadas as portas, cerrado o cortinado.
Não há presente, o tempo é árduo.
Tradução/ traduction de Priscila Junglos
Nota da tradutora:
*Faire des cadeaux (literalmente "fazer presentes") significa "dar presentes", mas quando se diz na negação "ne pas faire de cadeaux à quelqu'un", significa "ser duro; não deixar nada passar".
Jacques Prévert dans les rues de Paris• Crédits : Giancarlo BOTTI/Gamma-Rapho - Getty |