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samedi 31 décembre 2016

Joyeux 2017 ! Edgar Morin - O caminho: para o futuro da humanidade

Para terminar bem o fim de ano, segue essa palestra de Morin onde ele aponta e reflete sobre o mundo atual e a possibilidade de melhorá-lo. Desejo que todos nós tenhamos um ano de mais "bien-vivre"!

Joyeux 2017 !


Obs.: O vídeo tem legendas embutidas.


dimanche 2 octobre 2016

Paul Éluard : Il faut prendre à César tout ce qui ne lui appartient pas.

Existe a famosa citação "A César o que é de César", Paul Éluard parafraseia muito bem: 
É preciso tirar de César tudo o que não lhe pertence.


mercredi 7 septembre 2016

Choses du soir de Victor Hugo

Paul Gauguin, Pont-Aven.

Choses du soir

Le brouillard est froid, la bruyère est grise ;
Les troupeaux de bœufs vont aux abreuvoirs ;
La lune, sortant des nuages noirs,
Semble une clarté qui vient par surprise.

Je ne sais plus quand, je ne sais plus où,
Maître Yvon soufflait dans son biniou.

Le voyageur marche et la lande est brune ;
Une ombre est derrière, une ombre est devant ;
Blancheur au couchant, lueur au levant ;
Ici crépuscule, et là clair de lune.

Je ne sais plus quand, je ne sais plus où,
Maître Yvon soufflait dans son biniou.

La faim fait rêver les grands loups moroses ;
La rivière court, le nuage fuit ;
Derrière la vitre où la lampe luit,
Les petits enfants ont des têtes roses.

Je ne sais plus quand, je ne sais plus où,
Maître Yvon soufflait dans son biniou.


Tradução  /Traduction de Priscila Junglos

Coisas da noite

A neblina é fria, as brumas são cinzas; 
Os bois aos bandos vão aos bebedouros; 
A lua, saindo das nuvens negras, 
Parece uma claridade que vem de surpresa. 

Eu não sei mais quando, eu não sei mais onde, 
Mestre Yvon tocava sua gaita de fole. 

O viajante caminha e a charneca é marrom; 
Uma sombra atrás, uma sombra em frente; 
Brancura no pôr do sol, luminosidade ao nascer do sol; 
Aqui crepúsculo, e lá luar. 

Eu não sei mais quando, eu não sei mais onde, 
Mestre Yvon tocava sua gaita de fole. 

A fome faz sonhar os grandes lobos morosos; 
O rio corre, a nuvem foge; 
Atrás da vidraça onde a lâmpada luz, 
As criancinhas têm caras rosadas. 

Eu não sei mais quando, eu não sei mais onde, 
Mestre Yvon tocava sua gaita de fole.

mardi 6 septembre 2016

Beauté, poème de Jacques Prévert, in Paroles

 
Tradução de / Traduction de Priscila Junglos

     Beleza
quem poderia invertar
um nome mais belo
mais calmo
mais inegável
mais movimentado
     Beleza
Frequentemente eu emprego teu nome
e eu trabalho para a tua publicidade
eu não sou o patrão
     Beleza
eu sou teu empregado.

" L'âge de raison " de Francis Blanche

         Este poema/canção de Francis Blanche sempre me faz lembrar desta pintura de Niki de Saint Phalle, onde a árvore do paraíso perdido remete, em minha visão, ao cogumelo da bomba nuclear, com sua mancha de fumaça preta sobre a cabeça de crianças mórbidas feitas de aviões deste futuro desolador que é o da vida moderna, desta idade da razão...

Niki de Saint Phalle. « The Children (Study for King Kong) » (1963) . 
Mamac, Nice, França. (Clique na imagem para ampliar)

Lien pour la vidéo sur youtube / link para o vídeo no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=sw55mJzp3WU

La ville écrase la forêt
Pour y installer son décor
Sans songer au bruit que ferait
Le chant de tous les oiseaux morts
On cimente le paysage
On bétonne les horizons
Nous voici arrivés à l'âge
De raison

Le petit sentier de l'école
Est une autoroute à six voies
Qui mène à la piste d'envol
Où les Boeing hurlent de joie
Il y a du goudron sur la plage
Et du gas-oil sur le gazon
Nous voici arrivés à l'âge
De raison

On a piétiné les ballades
Et les refrains de nos printemps
On en a fait des marmelades
Pour des vieillards de dix-sept ans
Qui font sauter les pucelages
Avec des trognons de chanson
Nous voici arrivés à l'âge
De raison

Les décibels nous assassinent
Les scooters nous bouffent le cœur
Et la télé dans les cuisines
Nous explique notre bonheur
Quand on veut rêver, les nuages
Ont la forme de champignons
Nous voici arrivés à l'âge
De raison

Rien à faire, petit bonhomme
Mets ta tête sous l'oreiller
Grand-mère a bouffé une pomme
Et c'est à nous de la payer
Tiens-toi tranquille, reste sage
Enfoui au creux de ta maison
Et laisse, laisse passer l'âge
De raison.

Tradução de / traduction de Priscila Junglos

A cidade esmaga a floresta 
Para aí instalar seu cenário 
Sem pensar no barulho que fara 
O canto de todos os passáros mortos 
Cimenta-se a paisagem 
Concreta-se os horizontes 
Eis nos aqui, chegamos 
Na idade da razão 

O caminhozinho da escola 
É uma auto-estrada com seis pistas 
Que leva a pista de vôo 
Onde os boeing urram de alegria 
Há piche na praia 
E petróleo na grama 
Eis nos aqui, chegamos 
Na idade da razão 

A gente pisoteou as baladas 
E os refrães de nossas primaveras 
A gente fez deles marmeladas 
Para os velhacos de dezessete anos 
Que fazem perder as virgindades 
Com caroços de canção 
Eis nos aqui, chegamos 
Na idade da razão 

Os decibéis nos assassinam 
Os scooters nos devoram o coração 
E a tv nas cozinhas 
Nossa felicidade nos explica 
Quando a gente quer sonhar, as nuvens 
Tem a forma de cogumelos 
Eis nos aqui, chegamos 
Na idade da razão 

Nada resta a fazer, homenzinho do bem 
Coloque a sua cabeça debaixo do traveseiro 
A avó devorou uma maça 
E cabe a nós pagar por ela 
Fique tranquilo, seja comportado 
Enfie-se no buraco de sua casa 
E deixe, deixe passar a idade 
Da razão.

samedi 3 septembre 2016

"O fazer é revelador do ser" / " Le faire est révélateur de l'être" Sartre

"O fazer é revelador do ser" / " Le faire est révélateur de l'être" Sartre

1960 - Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre et Che Guevara se rencontrent à Cuba. 
Che était selon Sartre « l'être humain le plus complet de son époque ».

1960 - Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre e Che Guevara se encontram em Cuba. 
Che era segundo Sartre "o ser-humano mais completo de sua época".

Déjeuner du matin / Café da manhã de Jacques Prévert

Poema com narrativa cinematográfica de Jacques Prévert, onde conta-se uma despedida pelos objetos deixados.

Saul Steinberg, "Fake letter".
C. 1950.

Il a mis le café
Dans la tasse
Il a mis le lait
Dans la tasse de café
Il a mis le sucre
Dans le café au lait
Avec la petite cuiller
Il a tourné
Il a bu le café au laitEt il a reposé la tasse
Sans me parler
Il a allumé
Une cigarette
Il a fait des ronds
Avec la fumée
Il a mis les cendres
Dans le cendrier
Sans me parler
Sans me regarder
Il s'est levé
Il a mis
Son chapeau sur sa tête
Il a mis
Son manteau de pluie
Parce qu'il pleuvait
Et il est parti
Sous la pluie
Sans une parole
Sans me regarder
Et moi j'ai pris
Ma tête dans ma main
Et j'ai pleuré.



Traduction / tradução de Priscla Junglos

Ele colocou o café
Na xícara
Ele colocou o leite
Na xícara de café
Ele colocou o açúcar
No café com leite
Com a colherzinha
Ele mexeu
Ele bebeu o café com leite
E ele repousou a xícara 
Sem me falar
Ele acendeu
Um cigarro 
Ele fez círculos 
Com a fumaça 
Ele colocou as cinzas 
No cinzeiro 
Sem me falar 
Sem me olhar 
Ele se levantou 
Ele colocou 
Seu chapéu sobre sua cabeça 
Ele colocou 
Seu casaco de chuva 
Porque chovia
E ele partiu
Sob a chuva
Sem uma palavra
Sem me olhar
E eu, eu coloquei
Minha cabeça na minha mão
E eu chorei.

mercredi 6 juillet 2016

Philosophie - Sartre et Beauvoir

"O opressor não seria tão forte se ele não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos."
Simone de Beauvoir.

"Eu detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos."
Jean-Paul Sartre


dimanche 15 mai 2016

Chanson " Bâtard "de Stromae

Essa música de Stromae é bem crítica. É bom notar que ele faz uso de muitas gírias e expressões francesas - já que a música é endereçada aos jovens; na tradução algumas coisas eu adaptei, logo, para mais esclarecimentos, vide "notas da tradutora" no fim da página.
 
Outro detalhe: um "cachorro bastardo" é também a maneira de falar "cachorro vira-lata" em francês (em néerlandais é "Zinneke"). Esse tipo de cachorrinho Zinneke é o símbolo de Bruxelas, já que lá existe essa mistura de "walon" e de Flamand". 






Escultura do Zinneke em Bruxelas: vira-lata símbolo de Bruxelas, fazendo xixi em referência à famosa escultura Manneken-Pis (de um garotinho fazendo xixi).


 

Ni l'un ni l'autre, je suis, j'étais et resterai moi

T'es de droite ou t'es de gauche ?
T'es beauf ou bobo de Paris ?
Sois t'es l'un ou soit t'es l'autre
T'es un homme ou bien tu péris
Cultrice ou patéticienne
Féministe ou la ferme
Sois t'es macho, soit homo
Mais t'es phobe ou sexuel
Mécréant ou terroriste
T'es veuch ou bien t'es barbu
Conspirationniste, illuminati
Mythomaniste ou vendu ?
Rien du tout, ou tout tout de suite
Du tout au tout, indécis
Han, tu changes d'avis imbécile ?
Mais t'es Hutu ou Tutsi ?
Flamand ou Wallon ?
Bras ballants ou bras longs ?
Finalement t'es raciste
Mais t'es blanc ou bien t'es marron, hein ?

[Refrain]
Ni l'un, ni l'autre
Bâtard, tu es, tu l'étais, et tu le restes !
Ni l'un ni l'autre, je suis, j'étais et resterai moi

Han, pardon, Monsieur ne prend pas parti
Monsieur n'est même pas raciste, vu que Monsieur n'a pas de racines
D'ailleurs Monsieur a un ami noir, et même un ami Aryen
Monsieur est mieux que tout ça, d'ailleurs tout ça, bah ça ne sert à rien
Mieux vaut ne rien faire que de faire mal
Les mains dans la merde ou bien dans les annales
Trou du cul ou bien nombril du monde
Monsieur se la pète plus haut que son trou de balle
Surtout pas de coups de gueule, faut être calme, hein
Faut être doux, faut être câlin
Faut être dans le coup, faut être branchouille
Pour être bien vu partout, hein

[Refrain ]
Ni l'un, ni l'autre
Bâtard, tu es, tu l'étais, et tu le restes !
Ni l'un ni l'autre, je suis, j'étais et resterai moi



Traduction libre/tradução livre de Priscila Junglos


Nem um, nem outro, eu sou, eu era e continuarei eu mesmo.



Cê é de direira ou cê é de esquerda?
Cê é "tiozão coxinha" ou “esquerda caviar” de Paris?1
Ou você é uma coisa ou é outra
Cê é um homem ou você perece
Cultivado ou prostituta2
Feminista ou cala a boca3
Ou cê é machão ou homo
Mas cê é homofóbico ou homosexual?
Descrente ou terrorista
Cê é cabeludo ou cê é barbudo4
Conspiracionista, illuminati
Mitomanista ou vendido?
Nada disso, ou todo isso agora mesmo
De todo ao tudo, indeciso
Ham, você muda de opinião, imbecil?
Mas cê é Hútus ou Tutsi ?
Flamenco ou Wallon?
Preguiçoso ou influente?5
No fim, cê é racista
Mas cê é branco ou cê é mesmo marrom, heim ?


[Refrão]
Nem um, nem outro
Bastardo, você é, você o era, e você o será!
Nem um, nem outro, eu sou, eu era e eu serei eu mesmo


Ah, perdão, o senhor não toma partido
O senhor nem sequer é racista, já que o senhor não tem raízes
E além disso, o senhor tem um amigo negro, e até mesmo um amigo ariano6
Senhor é melhor que tudo isso, alias tudo isso, ah, isso não serve pra nada
Mais vale não fazer nada que fazer mal
As mãos na merda ou então nos anais
Buraco do cu ou então umbigo do mundo
O senhor explode mais forte que seu buraco de bala
Sobretudo sem gritarias 7, deve-se ser calmo, heim
Deve-se ser bonzinho, deve-se ser manso
Deve-se estar no jogo 8, deve-se ser ligado/na moda9
Pra poder ser bem visto em todo lugar, heim


[Refrão]
Nem um, nem outro
Bastardo, você é, você o era, e você o será!
Nem um, nem outro, eu sou, eu era e eu serei eu mesmo

Notas da tradutora:

1. "Beauf" (contração e abreviação de beau-frère=cunhado), que eu traduzi por "coxinha", é uma gíria para designar aquela pessoa reacionária, ou inculta, misógina e de idéias estreitas. Já "bobo" é uma gíria francesa para indicar pessoas vindas da classe média alta, mas que são revoltada sem ou com motivo, inconformistas, mas sem reais sofrimentos pessoais.
2. "Cultrice" é uma palavra italiana que significa quem é cultivado, amador de algo, porém acredito que Sromae escolheu essa palavra pois ela também remete a "cul" (cu), já que a próxima palavra é "patéticienne", uma abreviação de "péripatéticienne" que significa duas coisas em francês: alguém que faz uso da filosofia peripatética - que gosta de passear, ao pé da letra, que ensina caminhando - ou é uma gíria para "prostituta" - já que elas andam para trabalhar, em muitos casos.
3. "la ferme" é a abreviação comum para a frase "ferme la bouche!" (fecha a boca/cala a boca!).
4. "veuch" é uma gíria para "cabelo", feita, conforme a moda entre os jovens de Paris, invertendo-se as sílabas (cheveu - veuch,). Esse tipo de inversão sistemática se chama "verlan" (o contrário de "l'envers"=contrário).
5. "Bras ballants" (braço balançando) gíria pra quem não faz uso dos braços, para quem não faz nada de útil, não é ativo, um preguiçoso. Já "bras longs" (braço longos) é uma expressão que significa quem tem muita influência, que - como se tivesse braços grandes - pudesse alcançar a todos até mesmo nas altas esferas de poder.
6. "Ariano" aqui no sentido racial e não do sígno (que é "bélier").
7. "Coups de gueule" (golpe de goela), significa "gritos/berros".
8. "Être dans le coup" (estar no golpe) estar no jogo, fazer parte do que se passa.
9. "Branchouille", gíria derivada de outra gíria (branché = conectado), ambas significam estar na onda, na moda, ligado com o que acontece.
 
Outro detalhe: na língia francesa, você pode ser um homem branco (blanc), negro (noir) ou métis (mestiço). "Marrom" aqui nao é exatamente "pardo"; é uma maneira de dizer mestiço - que pode ser preconceituosa ou não, dependendo do contexto (como nos EUA com os termos "white", "black" et "brown"). A idéia da música é justamente criticar os preconceitos e os parti pris.

jeudi 12 mai 2016

Discours de la servitude volontaire d' Étienne de La Boétie (1530 - 1563)


La Boétie est un poète, humaniste et philosophe français. Auteur du fameux " Discours de la servitude volontaire ", texte où il critique l'absolutisme et dénonce le fait que des sujets et le peuple se soumettent à un tyran uniquement par le pouvoir qu'ils lui confèrent.

La Boétie é um poeta, humanista e filósofo francês. Autor do famoso "Discurso da servidão voluntária", texto onde ele critica o absolutismo e denuncia o fato de que assuntos e o povo se submetam a um tirano unicamente pelo poder que eles lhe conferem.


samedi 30 avril 2016

Alors, on danse - chanson pop de Stromae





Alors, on danse

Qui dit étude, dit travail
Qui dit taf te dit les thunes
Qui dit argent, dit dépenses
Qui dit crédit, dit créance
Qui dit dette te dit huissier
Oui, dit assis dans la merde
Qui dit Amour dit les gosses
Dit toujours et dit divorce
Qui dit proches te dis deuils, car les problèmes ne viennent pas seul.
Qui dit crise te dis monde dit famine, dit tiers-monde
Qui dit fatigue, dit réveille encore sourd de la veille
Alors, on sort pour oublier tous les problèmes.

Alors, on danse
on danse
puis on danse
jusqu'à demain, alors, on danse
alors...

Et la tu t'dis que c'est fini car pire que ça ce serait la mort
Qu'en tu crois enfin que tu t'en sors
Quand y en a plus et ben y en a encore !
Ecstasy coule problème, les problèmes ou bien la musique.
Ça t'prends les trips ça te prends la tête
Et puis tu prie pour que ça s'arrête
Mais c'est ton corps c'est pas le ciel
Alors, tu t'bouche plus les oreilles
Et là tu cries encore plus fort mais ça persiste

Alors, ils jouent
et puis ils jouent...

Alors, on chante
Lalalalalala, lalalalalala
Et puis seulement quand c'est fini, alors
alors, on danse
jusqu'à demain

Alors, on danse
Et ben y en a encore
Et pour oublier, puis y en a encore



Traduction/tradução de Priscila Junglos


Então, a gente dança

Quem diz estudo, diz trabalho
Quem diz trampo te diz grana
Quem diz dinheiro, diz despesas
Quem diz crédito, diz dívida
Quem diz dívida, diz fiscal
Sim, diz sentado na merda
Quem diz Amor, diz filhos
Diz pra sempre e diz divórcio
Quem diz próximos te diz lutos, porque os problemas não veem sozinhos
Quem diz crise te diz mundo, diz fome, diz terceiro mundo
Quem diz cansaço, diz para acorda de novo, surdo da véspera
Então, a gente sai pra esquecer todos nossos problemas

Então, a gente dança
a gente dança
e depois a gente dança, e depois a gente dança
até amanhã, então a gente dança

E aí, você se diz que é o fim, porque pior que isso, só a morte
E quando você acha, enfim, que você se safou
Quando não falta mais nada, e aí falta muita coisa ainda!
Ecstasy escorre problemas, problemas ou então música.
Isso te pega pelas tripas, te preocupa a cabeça
E depois você implora para que tudo isso acabe
Mas isso é o seu corpo, não é o céu
Então, você entope mais ainda os ouvidos
E aí você grita de novo mais forte, mas isso persiste

Então, eles jogam

Então, a gente canta
Lalalalalala, lalalalalala
E depois, somente quando for o fim, aí sim a gente dança

Então, a gente dança
E ainda tem mais
Até amanhã
para esquecer, e depois tem mais ainda

Mon cœur s'ouvre à ta voix - Samson et Dalila, de Camille Saint-Saëns, chantée par Jessye Norman

« Mon cœur s'ouvre à ta voix » est un air de l'opéra « Samson et Dalila » de Camille Saint-Saëns. Ici l'air est chantée par la cantatrice Jessye Norman.

Samson et Dalila. Gustave Moreau. 1882. Musée du Louvre, Paris



Mon cœur s’ouvre à ta voix,
Comme s’ouvrent les fleurs
Aux baisers de l'aurore !
Mais, ô mon bien-aimé,
Pour mieux sécher mes pleurs,
Que ta voix parle encore !
Dis-moi qu’à Dalila
Tu reviens pour jamais,
Redis à ma tendresse
Les serments d’autrefois,
Ces serments que j’aimais !
Ah! réponds à ma tendresse !
Verse-moi, verse-moi l’ivresse !
Ah! réponds à ma tendresse !
Ah! réponds à ma tendresse !
Verse-moi, verse-moi l’ivresse !

Ainsi qu’on voit des blés
Les épis onduler
Sous la brise légère,
Ainsi frémit mon cœur,
Prêt à se consoler,
À ta voix qui m’est chère !
La flèche est moins rapide
À porter le trépas,
Que ne l’est ton amante
À voler dans tes bras !
Ah ! réponds,  ah ! réponds à ma tendresse !
Verse-moi, verse-moi l’ivresse !
Ah ! réponds à ma tendresse !
Ah ! réponds à ma tendresse !
Verse-moi, verse-moi l’ivresse ! 
Samson ! Samson ! Je t’aime !



Tradução/Traduction de Priscila Junglos


Meu coração se abre a tua voz,
Como se abrem as flores
Aos beijos da aurora!
Mas, ó, meu bem-amado,
Para melhor secar meu choro,
Que sua voz continue a falar!
Diga-me que à Dalila
Você voltará para sempre,
Diga novamente ao meu carinho
Os sermões que eu amava!
Ah! Responda ao meu carinho!
Ah! Responda ao meu carinho!
Verse-me, verse-me a embriaguez!

Assim como se vê os trigos
As espigas ondular
Sob a brisa leve,
Assim treme meu coração,
Pronto a se consolar,
Com a tua voz que me é cara!
A flecha é menos rápida 
A conduzir a morte,
Do que a tua amante 
A voar para teus braços!
Ah! Responda, ah, responda ao meu carinho!
Verse-me, verse-me a embriaguez!
Ah! Responda ao meu carinho!
Ah! Responda ao meu carinho!
Verse-me, verse-me a embriaguez!
Sansão! Sansão! Eu te amo!

vendredi 29 avril 2016

L’opportuniste - Jacques Dutronc

No dia 28 de abril de 1943 nasce Jacques Dutronc - cantor, compositor e ator francês. Além disso, ele é casado com Françoise Hardy - a famosa e talentosa cantora francesa, e tiveram um filho - também cantor, está no sangue - Thomas Dutronc! Toda a família é talentosa! 

Jacques e Françoise vieram de uma família popular e desde muito jovens conseguiram atingir o sucesso, eles pertencem a geração Rock'n'Roll francesa, com músicas entre o pop romântico e o questionador social! 

Além de tudo, ele é lindo! (risos)


Vídeo-clip da música  "L’opportuniste ":



Parole :

Je suis pour le communisme
Je suis pour le socialisme
Et pour le capitalisme
Parce que je suis opportuniste

Il y en a qui conteste
Qui revendique et qui proteste
Moi je ne fais qu'un seul geste
Je retourne ma veste
Je retourne ma veste
Toujours du bon côté

Je n'ai pas peur des profiteurs
Ni même des agitateurs
Je fais confiance aux électeurs
Et j'en profite pour faire mon beurre*

Il y en a qui conteste
Qui revendique et qui proteste
Moi je ne fais qu'un seul geste
Je retourne ma veste
Je retourne ma veste
Toujours du bon côté

Je suis de tous les partis
Je suis de toutes les patries
Je suis de toutes les coteries
Je suis le roi des convertis

Il y en a qui conteste
Qui revendique et qui proteste
Moi je ne fais qu'un seul geste
Je retourne ma veste
Je retourne ma veste
Toujours du bon côté

Je crie vive la révolution !
Je crie vive les institutions
Je crie vive les manifestations
Je crie vive la collaboration !**

Non jamais je ne conteste
Ni revendique ni ne proteste
Je ne sais faire qu'un seul geste
Celui de retourner ma veste
De retourner ma veste
Toujours du bon côté

Je l'ai tellement retournée
Qu'elle craque de tous côtés
A la prochaine révolution
Je retourne mon pantalon


Tradução/ traduction de Priscila Junglos


Eu sou a favor do comunismo
Eu sou a favor do socialismo
E a favor do capitalismo
Porque eu sou oportunista

Há quem contesta
Que reivindica e que protesta
Eu, eu só faço um gesto.
Eu viro a minha casaca
Eu viro a minha casaca
Sempre do lado certo

Eu não tenho medo dos aproveitadores
Nem mesmo dos agitadores
Eu tenho confiança nos eleitores
E eu aproveito pra ganhar dinheiro*

Há quem contesta
Que reivindica e que protesta
Eu, eu só faço um gesto.
Eu viro a minha casaca
Eu viro a minha casaca
Sempre do lado certo

Eu sou a favor de todos os partidos
Eu sou a favor de todas as pátrias
Eu sou a favor de todas as ‘panelas’(grupinhos/patotas)
Eu sou o rei dos convertidos 

Há quem contesta
Que reivindica e que protesta
Eu, eu só faço um gesto.
Eu viro a minha casaca
Eu viro a minha casaca
Sempre do lado certo

Eu grito viva a revolução!
Eu grito viva as instituições!
Eu grito viva as manifestações!
Eu grito viva a colaboração**!

Não, eu nunca contesto
Nem reivindico, nem protesto
Eu só sei fazer um gesto
Este de virar minha casaca
De virar minha casaca
Sempre do lado certo

Eu virei tanto a minha casaca
Que de todos os lado ela se rasga
Na próxima revolução
Eu viro a minha calça

Notas da tradutora:
* A expressão "faire son beurre", ao pé da letra "fazer sua manteiga" significa faturar, fazer dinheiro, aproveitar uma oportinidade para lucrar.
** "Colaboração" de colaboracionismo político.

mardi 26 avril 2016

Chanson pour avril d'Anna de Noailles

Claude Monet, « Peupliers au bord de l'Epte, effet du soir », 1891, Huile sur toile, 100 x 62 cm, Collection particulière. 




La poète Anna de Noailles, née en 1876 et morte en 1933, est fameuse par ses poème d'amour, pourtant elle a aussi su composer des poèmes d'inspirations diverses, comme celui-ci, sur le mois d'avril et ses sensations.

Poème retiré du recueil « Le cœur innombrable » de 1901.

Chanson pour avril

Toute la nuit la pluie légère
A glissé par jets et par bonds.
Viens respirer au bois profond
L'odeur de la verdure amère.

Ton cœur est triste, morne et las,
Comme la naissante journée.
Elle sera bientôt fanée,
L'amoureuse odeur des lilas.

Aujourd'hui l'âme apitoyée
Sent pleurer son vague tourment.
Viens écouter l'égouttement
Des feuilles mortes et mouillées.



Traduction/tradução de Priscila Junglos

Canção para abril

Por toda a noite a chuva leve
deslizou por jatos e por saltos.
Venha respirar no bosque profundo
O odor do amargo mato

Teu coração está triste, morno e cansado
Como o dia que nasce.
Ela logo terá desvanecido,
a amorosa essência dos lírios.

Hoje a alma apiedada
sente chorar seu vago tormento.
Venha escutar o gotejamento 
das folhas mortas e molhadas

jeudi 21 avril 2016

De la Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne au Droit de vote




"A mulher está destinada à imoralidade porque a moral consiste para ela em encarnar uma inumana entidade: a mulher forte, a mãe admirável, a honeste mulher, etc."
Simone de Beauvoir.




Olympe de Gouges
Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne
d'Olympe de Gouges


Préambule

Les mères, les filles, les sœurs, représentantes de la nation, demandent d'être constituées en assemblée nationale. Considérant que l'ignorance, l'oubli ou le mépris des droits de la femme, sont les seules causes des malheurs publics et de la corruption des gouvernements, ont résolu d'exposer dans une déclaration solennelle, les droits naturels inaliénables et sacrés de la femme, afin que cette déclaration, constamment présente à tous les membres du corps social, leur rappelle sans cesse leurs devoirs, afin que les actes du pouvoir des femmes, et ceux du pouvoir des hommes pouvant être à chaque instant comparés avec le but de toute institution politique, en soient plus respectés, afin que les réclamations des citoyennes, fondées désormais sur des principes simples et incontestables, tournent toujours au maintien de la constitution, des bonnes mœurs, et au bonheur de tous. En conséquence, le sexe supérieur en beauté comme en courage, dans les souffrances maternelles, reconnaît et déclare, en présence et sous les auspices de l'Être suprême, les Droits suivants de la Femme et de la Citoyenne.

Article I

La Femme naît libre et demeure égale à l'homme en droits. Les distinctions sociales ne peuvent être fondées que sur l'utilité commune.

Article II

Le but de toute association politique est la conservation des droits naturels et imprescriptible de la Femme et de l'Homme : ces droits sont la liberté, la propriété, la sûreté, et surtout la résistance à l'oppression.

Article III

Le principe de toute souveraineté réside essentiellement dans la Nation, qui n'est que la réunion de la Femme et de l'Homme : nul corps, nul individu, ne peut exercer d'autorité qui n'en émane expressément.

Article IV

La liberté et la justice consistent à rendre tout ce qui appartient à autrui ; ainsi l'exercice des droits naturels de la femme n'a de bornes que la tyrannie perpétuelle que l'homme lui oppose ; ces bornes doivent être réformées par les lois de la nature et de la raison.

Article V

Les lois de la nature et de la raison défendent toutes actions nuisibles à la société : tout ce qui n'est pas défendu pas ces lois, sages et divines, ne peut être empêché, et nul ne peut être contraint à faire ce qu'elles n'ordonnent pas.

Article VI

La Loi doit être l'expression de la volonté générale ; toutes les Citoyennes et Citoyens doivent concourir personnellement ou par leurs représentants, à sa formation ; elle doit être la même pour tous : toutes les Citoyennes et tous les Citoyens, étant égaux à ses yeux, doivent être également admissibles à toutes dignités, places et emplois publics, selon leurs capacités, et sans autres distinctions que celles de leurs vertus et de leurs talents.

Article VII

Nulle femme n'est exceptée ; elle est accusée, arrêtée, et détenue dans les cas déterminés par la Loi. Les femmes obéissent comme les hommes à cette Loi rigoureuse.

Article VIII

La Loi ne doit établir que des peines strictement évidentes et nécessaires, et nul ne peut être puni qu'en vertu d'une Loi établie et promulguée antérieurement au délit et légalement appliquée aux femmes.

Article IX

Toute femme étant déclarée coupable ; toute rigueur est exercée par la Loi.

Article X

Nul ne doit être inquiété pour ses opinions mêmes fondamentales, la femme a le droit de monter sur l'échafaud ; elle doit avoir également celui de monter à la Tribune ; pourvu que ses manifestations ne troublent pas l'ordre public établi par la Loi.

Article XI

La libre communication des pensées et des opinions est un des droits les plus précieux de la femme, puisque cette liberté assure la légitimité des pères envers les enfants. Toute Citoyenne peut donc dire librement, je suis mère d'un enfant qui vous appartient, sans qu'un préjugé barbare la force à dissimuler la vérité ; sauf à répondre de l'abus de cette liberté dans les cas déterminés par la Loi.

Article XII

La garantie des droits de la femme et de la Citoyenne nécessite une utilité majeure ; cette garantie doit être instituée pour l'avantage de tous, et non pour l'utilité particulière de celles à qui elle est confiée.

Article XIII

Pour l'entretien de la force publique, et pour les dépenses d'administration, les contributions de la femme et de l'homme sont égales ; elle a part à toutes les corvées, à toutes les tâches pénibles ; elle doit donc avoir de même part à la distribution des places, des emplois, des charges, des dignités et de l'industrie.

Article XIV

Les Citoyennes et Citoyens ont le droit de constater par eux-mêmes ou par leurs représentants, la nécessité de la contribution publique. Les Citoyennes ne peuvent y adhérer que par l'admission d'un partage égal, non seulement dans la fortune, mais encore dans l'administration publique, et de déterminer la quotité, l'assiette, le recouvrement et la durée de l'impôts.

Article XV

La masse des femmes, coalisée pour la contribution à celle des hommes, a le droit de demander compte, à tout agent public, de son administration.

Article XVI

Toute société, dans laquelle la garantie des droits n'est pas assurée, ni la séparation des pouvoirs déterminée, n'a point de constitution ; la constitution est nulle, si la majorité des individus qui composent la Nation, n'a pas coopéré à sa rédaction.

Article XVII

Les propriétés sont à tous les sexes réunis ou séparés ; elles ont pour chacun un droit lorsque la nécessité publique, légalement constatée, l'exige évidemment, et sous la condition d'une juste et préalable indemnité.

Postambule

Femme, réveille-toi ; le tocsin de la raison se fait entendre dans tout l'univers ; reconnais tes droits. Le puissant empire de la nature n'est plus environné de préjugés, de fanatisme, de superstition et de mensonges. Le flambeau de la vérité a dissipé tous les nuages de la sottise et de l'usurpation. L'homme esclave a multiplié ses forces, a eu besoin de recourir aux tiennes pour briser ses fers. Devenu libre, il est devenu injuste envers sa compagne. O femmes ! Femmes, quand cesserez-vous d'être aveugles ? Quels sont les avantages que vous avez recueillis dans la révolution ? Un mépris plus marqué, un dédain plus signalé. Dans les siècles de corruption vous n'avez régné que sur la faiblesse des hommes. Votre empire est détruit ; que vous reste-t-il donc ? La conviction des injustices de l'homme. La réclamation de votre patrimoine, fondée sur les sages décrets de la nature ; qu'auriez-vous à redouter pour une si belle entreprise ? Le bon mot du Législateur des noces de Cana ? Craignez-vous que nos Législateurs français, correcteurs de cette morale, longtemps accrochée aux branches de la politique, mais qui n'est plus de saison, ne vous répètent : femmes, qu'y a-t-il de commun entre vous et nous ? Tout, auriez vous à répondre. S'ils s'obstinent, dans leur faiblesse, à mettre cette inconséquence en contradiction avec leurs principes ; opposez courageusement la force de la raison aux vaines prétentions de supériorité ; réunissez-vous sous les étendards de la philosophie ; déployez toute l'énergie de votre caractère, et vous verrez bientôt ces orgueilleux, non serviles adorateurs rampants à vos pieds, mais fiers de partager avec vous les trésors de l'Être Suprême. Quelles que soient les barrières que l'on vous oppose, il est en votre pouvoir de les affranchir ; vous n'avez qu'à le vouloir. Passons maintenant à l'effroyable tableau de ce que vous avez été dans la société ; et puisqu'il est question, en ce moment, d'une éducation nationale, voyons si nos sages Législateurs penseront sainement sur l'éducation des femmes.

Les femmes ont fait plus de mal que de bien. La contrainte et la dissimulation ont été leur partage. Ce que la force leur avait ravi, la ruse leur a rendu ; elles ont eu recours à toutes les ressources de leurs charmes, et le plus irréprochable ne leur résistait pas. Le poison, le fer, tout leur était soumis ; elles commandaient au crime comme à la vertu. Le gouvernement français, surtout, a dépendu, pendant des siècles, de l'administration nocturne des femmes ; le cabinet n'avait point de secret pour leur indiscrétion ; ambassade, commandement, ministère, présidence, pontificat, cardinalat ; enfin tout ce qui caractérise la sottise des hommes, profane et sacré, tout a été soumis à la cupidité et à l'ambition de ce sexe autrefois méprisable et respecté, et depuis la révolution, respectable et méprisé.

dimanche 17 avril 2016

Le temps perdu de Jacques Prévert


Le Soleil rouge, Joan Miró. 1972


Devant la porte de l'usine
le travailleur soudain s'arrête
le beau temps l'a tiré par la veste
et comme il se retourne 
et regarde le soleil
tout rouge tout rond
souriant dans son ciel de plomb
il cligne de l'œil
familièrement
Dis donc camarade soleil
tu ne trouves pas
que c'est plutôt con 
de donner une journée pareille
à un patron ?



Na frente da porta da usina
o trabalhador repentinamente pára
o bom tempo o puxou pelo casaco
e como ele se virou
e olhou o sol
tão vermelho tão redondo
sorrindo num céu de chumbo
ele pisca
familiarmente
Diz aí camarada sol
você não acha
que é meio tonto
dar um dia como esse
prum patrão?

mardi 8 mars 2016

La Journée internationale de la Femme / O Dia Internacional da Mulher

Assez du manichéisme " Sainte ou pute " ! 
Chega do maniqueísmo "santa ou puta"! 


     La Journée internationale de la Femme, commémorée le 8 mars, est, avant tout, une journée contre le sexisme et le machiste ! C'est un jour pour penser aux droits de la femme et pour se battre !
     Pour réfléchir sur cela, voici une vidéo de la metteuse en scène française Agnès Varda, une des grandes cinéaste de la génération de la Nouvelle Vague.

     O Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, é, antes de mais nada, um dia contra o sexismo e machismo! É um dia para pensar nos direitos da mulher e para lutar!
     Para pensar nisto, eis aqui um vídeo da diretora francesa Agnès Varda, uma das grandes cineastas da geração da Nouvelle Vague.

Scène du film / Cena do filme.

Film : Réponse de femmes: Notre corps, notre sexe 
Metteuse en scène : Agnès Varda
Année : 1975


dimanche 31 janvier 2016

"Tout est déjà dit" poema de Paulo Leminski

       Paulo Leminski, tal qual Oscar Wilde ou muitos outros escritores que não tem o francês como língua materna, explorou as sonoridades e referências da língua francesa em alguns de seus poemas, como este:



tout est déjà dit
dans un jardin
                          jadis
fernando uma pessoa
j’ai perdu ma vie

par délicatesse?
oui
       rimbaud
moi
      aussi

Paulo Leminski, en français dans le texte original.


Tradução literal, com intuito de compreensão do texto original:

tudo já está dito
num jardim
                      outrora
fernando uma pessoa
Eu perdi minha vida 

por delicadeza?
sim
      rimbaud
eu
    também

mardi 26 janvier 2016

Familiale - Jacques Prévert

[clique na imagem para ampliar]
"La vie avec le cimetière / A vida com o cemitério", 2016.
Ilustração de minha autoria inspirada no poema "Familiale" de Prévert.



Familiale 

La mère fait du tricot
Le fils fait la guerre
Elle trouve ça tout naturel la mère
Et le père qu'est-ce qu'il fait le père ?
Il fait des affaires
Sa femme fait du tricot
Son fils la guerre
Lui des affaires
Il trouve ça tout naturel le père
Et le fils et le fils
Qu'est-ce qu'il trouve le fils ?
Il ne trouve rien absolument rien le fils
Le fils sa mère fait du tricot son père fait des affaires lui la guerre
Quand il aura fini la guerre
Il fera des affaires avec son père
La guerre continue la mère continue elle tricote
Le père continue il fait des affaires
Le fils est tué il ne continue plus
Le père et la mère vont au cimetière
Ils trouvent ça naturel le père et la mère
La vie continue la vie avec le tricot la guerre les affaires
Les affaires la guerre le tricot la guerre
Les affaires les affaires et les affaires
La vie avec le cimetière.


Jacques Prévert, in Paroles

Familiar 
Traduction/tradução de Priscila Junglos


A mãe faz tricot
O filho faz a guerra
Ela acha isso muito normal a mãe
E o pai o quê ele faz o pai?
Ele faz negócios
Sua mulher faz tricot
Seu filho a guerra
E ele negócios
Ele acha isso muito normal o pai
E o filho e o filho
O quê que ele acha o filho?
Ele não acha nada absolutamente nada o filho
O filho sua mãe faz tricot seu pai negócios ele a guerra
Quando ele terá acabado seu serviço na guerra
Ele fará negócios com seu pai
A guerra continua a mãe continua ela tricota
O pai continua ele faz negócios
O filho morreu ele não continua mais
O pai e a mãe vão ao cemitério
Eles acham isso muito normal o pai a mãe
A vida continua a vida com o tricot a guerra os negócios
Os negócios a guerra o tricot a guerra
Os negócios os negócios os negócios
A vida com o cemitério.



Notas da tradução: 
Este é um poema sem rimas, entretanto Prévert - como conhecedor da sonoridade da língua francesa - fez rimas internas que não puderam ser mantidas na presente tradução, como a dupla “affaire” com “cimetière”.



Breve análise


     Neste poema, Jacques Prévert (1900 – 1977) aproveita os múltiplos usos do verbo "faire" [fazer] para produzir uma sensação de estranheza. O "fazer" pode ser tão inocente e mecânico como o “fazer tricot” da mãe, ou tão igualmente mecânico e sem consciência como o "fazer o serviço militar" do filho, ou ainda mesmo tão apressado e negligente como o "fazer negócios" do pai de família. Claro que isso foi uma escolha de Prévert, pois ele poderia ter usado outros verbos, como "tricoter" [tricotar] em vez de "faire du tricot" [fazer tricot]. 

     Outra adequada escolha do autor foi a de omitir as pontuações; podemos notar que ele encadeia as frases sem, supostamente, nexo: sem vírgulas, pontos, dois pontos ou exclamações, sendo que só o ponto de interrogação e o ponto final constam. Essa escolha, a meu ver, significa e representa a falta de uma pausa para a reflexão na nossa sociedade, principalmente no tempo de guerra, pois ficamos imersos nesta correria automática que existia no século XX e que, infelizmente, existe até hoje. A mãe busca no tricot, neste exercício repetitivo e manual, uma fuga, uma incessante busca pela ocupação, para não pensar em nada; assim como o pai, um workaholic avant la lettre, que negocia sem parar. Aliás, interessante notar, inclusive, que um homem "affairé" (palavra que vem de "affaire" [negócio]), significa "ocupado" ou "apressado", sendo que isso é exatamente a imagem do homem do começo do século XX, a do pai de família ocupado, ambicioso e trabalhador, mas preso a um tipo de trabalho constante e alienado. Já o filho é a figura mais dramática do poema, pois ele é completamente desprovido de responsabilidade e de autonomia, sendo ele manipulado para ir à guerra e, depois, quem sabe, ir fazer negócios com seu pai, seguindo o destino que a sociedade já lhe traçara, não tendo ele nem sequer a chance de pensar e decidir as escolhas em sua vida.

     Concluindo esta breve análise, podemos apreciar, então, o porquê de só existir o ponto de "interrogação" e o "ponto final" neste texto: Prévert os incluí pois são justamente estes "pontos" que os personagens evitam (personagem que nos representam, a nós, membros integrantes dessa sociedade); evitam fazer uma pausa para questionar as coisas e a vida, e dar um ponto final nas atrocidades.

lundi 25 janvier 2016

La grasse matinée de Jacques Prévert

"Comendo poesia", 2016. Ilustração de minha autoria inspirada no poema "La grasse matinée".


La grasse matinée

Il est terrible
le petit bruit de l’œuf dur cassé sur un comptoir d'étain
il est terrible ce bruit
quand il remue dans la mémoire de l'homme qui a faim
elle est terrible aussi la tête de l'homme
la tête de l'homme qui a faim
quand il se regarde à six heures du matin
dans la glace du grand magasin
une tête couleur de poussière
ce n'est pas sa tête pourtant qu'il regarde
dans la vitrine de chez Potin
il s'en fout de sa tête l'homme
il n'y pense pas
il songe
il imagine une autre tête
une tête de veau par exemple
avec une sauce de vinaigre
ou une tête de n'importe quoi qui se mange
s’en remue doucement la mâchoire
doucement
et il grince des dents doucement
car le monde se paye sa tête
et il ne peut rien contre ce monde
et il compte sur ses doigts un deux trois
un deux trois
cela fait trois jours qu'il n'a pas mangé
et il a beau se répéter depuis trois jours
Ça ne peut pas durer
ça dure
trois jours
trois nuits
sans manger
et derrière ce vitres
ces pâtés ces bouteilles ces conserves
poissons morts protégés par les boîtes
boîtes protégées par les vitres
vitres protégées par les flics
flics protégés par la crainte
que de barricades pour six malheureuses sardines...
Un peu plus loin le bistrot
café-crème et croissants chauds
l'homme titube
et dans l'intérieur de sa tête
un brouillard de mots
un brouillard de mots
sardines à manger
œuf dur café-crème
café arrosé rhum
café-crème
café-crème
café-crime arrosé sang !...
Un homme très estimé dans son quartier
a été égorgé en plein jour
l'assassin le vagabond lui a volé
deux francs
soit un café arrosé
zéro franc soixante-dix
deux tartines beurrées
et vingt-cinq centimes pour le pourboire du garçon.


In Paroles,1949.



Manhã gorda
Tradução / traduction de Priscila Junglos


É terrível 
o pequeno barulho do ovo cozido num balcão de estanho 
ele é terrível este barulho 
quando ele remói na memória do homem que tem fome 
a cabeça do homem que tem fome 
quando ele se olha às seis horas da manhã 
no vidro da grande loja 
uma cabeça cor de poeira 
não é sua cabeça entretanto que ele olha 
na vitrine de Chez Potin 
ele está pouco se fodendo pra sua cabeça o homem 
ele nem pense nela 
ele sonha 
ele imagina outra cabeça 
uma cabeça de viado por exemplo 
com um molho de vinagre 
ou uma cabeça de qualquer coisa que se coma 
ele remói vagarosamente a mandíbula 
vagarosamente 
e ele range os dentes vagarosamente 
porque o mundo tira uma com a cara dele 
e ele não pode nada contra esse mundo 
e ele conta com os dedos um dois três 
um dois três 
há três dias que ele não come
e ele pode se cansar de repetir há três dias 
Isso não pode durar 
isso dura 
três dias 
três noites 
sem comer 
e atrás destas vidraças 
estas carnes essas garrafas essas conservas 
peixes mortos protegidos pelas latas 
latas protegidas pelas vidraças 
vidraças protegidas pelos tiras 
tiras protegidos pelo medo 
quantas barricadas por seis infelizes sardinhas... 
Um pouco mais longe da lanchonete 
café creme e croissant quente 
o homem titubeia 
e no interior da sua cabeça 
uma neblina de palavras 
uma neblina de palavras 
sardinhas para comer 
ovo cozido café creme 
café regado com rum 
café creme 
café creme 
café crime 
café crime regado com sangue!... 
Um homem muito respeitado em seu bairro 
foi degolado em pleno dia 
o assassino o vagabundo lhe roubou 
dois francos 
ou seja um café regado 
zero franco setenta centavos 
duas torradas com manteiga 
e vinte e cinco centavos para a gorjeta do garçom. 



Notas da tradutora:

* "œuf dur" é, literalmente, um ovo duro, mas significa ovo cozido; Prévert usa aqui "dur", pois ele rima com o verbo "durer" (durar) e com a expressão "dur" (duro), de que a coisa/ vida é uma dureza, uma dificuldade. Outra brincadeira que ele faz é com a palavra "tête" (cabeça), que pode significar também "cara", "aparência". Além disso, ele usa a expressão "se payer sa tête" que significa "alguém fazer piada com outro alguém", apesar do nosso "tirar uma com a nossa cara" é a expressão equivalente, a piada com o verbo "payer" (pagar) - que é justamente o que o personagem não pode fazer - se perde em minha tradução para o português, infelizmente.

dimanche 24 janvier 2016

Ouverture la vie en close, de Paulo Leminski


      A língua portuguesa, assim como a francesa, veio do latim. Esse incrível poema do Lemiski  fala disso da maneira mais lírica que há! Em latim "janela" se diz "fenestra", palavra que o francês manteve, já que janela é "fenêtre", enquanto que pra gente virou "fresta"!





Mira Schendel, Sem título (detalhe), 1972.
em latim 
“porta” se diz “janua” 
e “janela” se diz “fenestra” 

a palavra “fenestra” 
não veio para o português 
mas veio o diminutivo de “janua”, 
“januela”, “portinha”, 
que deu nossa “janela” 
“fenestra” veio 
mas não como esse ponto da casa 
que olha o mundo lá fora, 
de “fenestra”, veio “fresta”, 
o que é coisa bem diversa 

já em inglês 
“janela” se diz “window” 
porque por ela entra 
o vento (“wind”) frio do norte 
a menos que a fechemos 
como quem abre 
o grande dicionário etimológico 
dos espaços interiores. 



Paulo Leminski, in La Vie en Close, 1991.