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dimanche 8 juin 2014

Zaz - chanson "j'ai tant escamoté"









Traduction / tradução de Priscila Junglos


J’ai tant escamoté, l’angle des parapets
De mes incontournables et de mes indomptables
Dédicacé mes nuits, et levé les poignets
Sur les comptoirs luisants de flaques innombrables
De chagrins sans marée, de mensonges enjambés.
Des marais de promesses, non moi je n’en veux plus
Juste que disparaisse, le goût du survécu
Et que des alibis, je me déshabitue.

Eu escamoteei tanto, o ângulo dos parapeitos
De meus incontornáveis e dos meus indomáveis
Eu tanto dediquei minhas noites, e tanto levantei os punhos,
Nos balcões de bares brilhantes, com frascos inumeráveis
De mágoas sem maré, de mentiras encadeadas.
Pântanos de promessas, não, eu não quero mais isso
Eu só quero que desapareça o gosto do 'sobrevivido'
E dos álibis, eu me desabituo.

Et pour qu’on intoxique mes veines assoiffées,
Je vous tends ma chemise, baisse mon pantalon,
Je suis nue comme un vers*, et je remplis d’hiver,
Cette folle tentation, qui gèle mes frissons.

E para que intoxiquem minhas veias sedentas,
Eu te ofereço minha camisa, abaixo minha calça,
Eu estou nua como um verme (verso)* e eu encho de inverno
Esta louca tentação que gela meus calafrios.

Aux phares sans lumière, je me suis accrochée
Et gravée sur ma chair au cuir désespéré,
L’encre de mes chimères, celle de vos baisers
Tarie dans les ornières de mon identité,
Les fugues sans frontière, les refuges obtus
L’alphabet du bréviaire, non, moi je n’en veux plus
Je confesse à ma bière tous ces malentendus,
J’avoue à la kermesse mon paradis perdu.

Nos faróis sem luz, agarrei-me
E gravei em minha carne no couro desesperado,
a tinta de minhas quimeras e estas de teus beijos,
Ressequidos nos sulcos de minha identidade,
As fugas sem fronteiras, os refúgios obtusos
O alfabeto do breviário, não, eu não quero mais isso
Eu confesso a minha cerveja todos estes mal-entendidos
Eu confesso na quermesse meu paraíso perdido.


Et pour qu’on intoxique mes veines assoiffées,
Je vous tends ma chemise, baisse mon pantalon,
Je suis nue comme un vers, et je remplis d’hiver,
Cette folle tentation, qui gèle mes frissons.

E para que intoxiquem minhas veias sedentas,
Eu te ofereço minha camisa, abaixo minha calça,
Eu estou nua como um verme (verso)* e eu encho de inverno
Esta louca tentação que gela meus calafrios.


J’ai tant escamoté l’ange de ma liberté
De mes incontournables et de mes indomptables
Que les angles du ciel, ceux de la charité
Ont lu dans mon regard l’aurore insurmontable.
De mes lambeaux de larmes, de mon coeur ébréché
Du souffle et de sa panne, non, moi je n’en veux plus
Je dissous mon absence, je renais en silence
Je serre tout contre moi, les saints du porte-clé.

Eu escamoteei tanto o anjo da minha liberdade
De meus incontornáveis e de meus indomáveis
Que os ângulos do céu, estes da caridade,
Leram em meu olhar a aurora intransponível
Dos meus farrapos de lágrima, de me coração lascado
Do fôlego e de seu colapso, não, eu não quero mais isso
Eu dissolvo minha ausência, eu renasço em silêncio
Eu uso tudo contra mim mesma, as imagens de santos do chaveiro.

Et pour qu’on intoxique mes veines assoiffées,
Je vous tends ma chemise, baisse mon pantalon,
Je suis nue comme un vers, et je remplis d’hiver,
Cette folle tentation, qui gèle mes frissons.
Et pour qu’on intoxique mes veines assoiffées
Je vous rends ma chemise ivre de liberté
Je délaisse l’hiver, je laisse à l’abandon
Cette folle tentation qui gèle mes frissons.

E para que intoxiquem minhas veias sedentas,
Eu te ofereço minha camisa, abaixo minha calça,
Eu estou nua como um verme (verso)* e eu encho de inverno
Esta louca tentação que gela meus calafrios
E para que intoxiquem minhas veias sedentas
Eu te ofereço minha camisa, ébria de liberdade
Eu abandono o inverno, eu deixo ao léu
Esta louca tentação que gela meus calafrios.


Nota da tradutora:
* Vers: em francês a palavra “vers” pode ter três significados: verme, verso ou “em direção à”. Optei por deixar as acepções “verme” e “verso”, pois ambas fazem sentido no contexto da frase -  uma mais literal “nua como um verme” e outra mais poética/metafórica “nua como um verso”.